Geossítio da Fonte da Areia: conhecer e compreender o passado recente da terra - João Baptista, UI GEOBIOTEC, Universidade de Aveiro

A Fonte da Areia é dominada por depósitos quarternários, nomeadamente por depósitos da Formação Eolianítica, representados pelos arenitos biogénicos carbonatados mais antigos da ilha, com cerca de 31 mil anos. 
Estes eolianitos correspondem a areias marinhas, de natureza organoclástica, na sua larga maioria constituídos por fragmentos de conchas de moluscos, de placas e espículas de equinodermes, algas calcárias e foraminíferos, remobilizadas da plataforma insular existente em torno da ilha, e que sofreram transporte essencialmente eólico até aos locais de deposição. 

Na base ocorrem depósitos de natureza argilosa em claro contraste com as rochas vulcânicas subjacentes, cortadas "à faca” por antiga superfície topográfica actualmente exposta junto ao topo da arriba marinha por significativa erosão marinha do sector norte da ilha desde o último máximo glaciário. 

A geração destas areias marinhas remontam à última glaciação, período Wurm, que decorreu entre os 110 e os 11 mil anos. São conhecidas 4 unidades distin as que intercalam 3 paleossolos, níveis de tonalidade acastanhada, que correspondem a períodos de pausa no transporte e acumulação das areias e permitiram a instalação de um solo ou a deposição de material lamacento. O tipo de estratificação existente sugere que a dominância dos ventos tenha sido do quadrante. Observam-se, ainda, finas camadas de calcário pouco coerente que correspondem a crostas calcárias, denominadas localmente por laginhas de cal, originadas por remobilização e encouraçamento do carbonato de cálcio, fenómeno que ainda ocorre atualmente à superfície desta formação. 

A presença de fósseis de gastrópodes pulmonados terrestres e de rizoconcreções representam a ocupação biológica deste habitat litoral.

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